Muito freqüentemente somos consultados por Médicos Veterinários e criadores, sobre a melhor forma de anestesiar uma chinchila. Os trabalhos bibliográficos em nossa língua, pouco ou nada dizem sobre o assunto pelo que, sabedores que somos de que em alguns momentos o criador pode se sentir apreensivo e inseguro, nos encorajou a pesquisar sobre o tema.
Analisando os trabalhos sobre procedimentos cirúrgicos, principalmente no capítulo “anestesia” das teses apresentadas a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Medicina na Disciplina de Otorrinolaringologia pelos Doutores:
Dra. Márcia Sayuri Mourão, “Uma via de acesso ao nervo vestibular inferior em chinchilas” e o,
Dr. Fernando César Ribeiro, “Análise das emissões otoacusticas – produto de distorção – após aplicação de toxina butolínica A (BOTOX) sobre a janela redonda da chinchila”.
Publicamos este trabalho aproveitando nossa experiência de mais de três décadas de criação, somadas a algumas das partes das teses onde os autores descrevem o procedimento utilizado com sucesso para anestesiar as chinchilas operadas.
PROCEDIMENTO (Dra. Márcia Sayuri Mourão)
A via de administração do anestésico em chinchilas, normalmente é realizada intraperitoneal, subcutâneo, no flanco (entre as costas e o pescoço) ou intramuscular na parte interna da coxa, utilizando uma seringa de insulina 1ml. Uma desvantagem dessas vias de administração é que a liberação do anestésico para o cérebro é muita lenta, necessitando de grandes doses em comparação com a via intravenosa, que cai direto na corrente sangüínea. Esta dose maior resulta numa recuperação mais lenta e neste período o animal pode estar suscetível a hipotermia e conseqüentemente a depressão no sistema cardio-respiratório. Esta complicação pode ser evitada quando utilizamos um antagonista do anestésico.
A ketamina quando utilizada em chinchilas, apresenta analgesia insuficiente, a não ser que seja utilizada em grandes doses ou em combinação com outras drogas. Em grandes doses, pode ocorrer depressão respiratória e, por tanto, óbito. Uma combinação muito usada é a ketamina com xylazina. A vantagem e que existe antagonista específico para reverter a sedação/analgesia – atipamezole na dose de 1mg/kg ou yohimbine na dose 0,5 mg/kg ambos injetados por via intramuscular.
O jejum pré-operatório na chinchila não é necessário, a não ser que a cirurgia seja no trato gastro intestinal.
Outra combinação com ketamina muito utilizada em chinchilas é a acepromazina na dose de 0,56mg/kg (via subcutânea)
Para evitar a hipotermia pode-se utilizar uma lâmpada, bolsa térmica ou colchão térmicosobre o qual o animal deve ser colocado para manutenção da temperatura retal em torno de 37 a 37,5 graus Celsius.
Deve-se evitar o uso de álcool em superfícies grandes após a anestesia pela perda que provoca e é recomendável antes da aplicaçãoda agulharealizar assepsia com providine digermante.
Após uma cirurgia prolongada, se não houver grande hemorragia e cauteloso administrar(via subcutânea) soro fisiológico morno, 2 ml/kg.
No seu trabalho o Dr. Fernando diz que doses suplementares de cloridrato de cetamina (Ketalar) podem ser administradas, quando necessário, para manutenção de plano de anestesia.
Nos artigos consultados, as únicas associações foram:
-cloridrato de cetamina (Ketalar) com xylazina (Rompum) volume total = 1 ml/kg sendo a proporção de 2:1 (dois de ketalar e um de rompum.
-cloridrato de cetamina (Ketalar)na dosagem de 36mg/Kg (via subcutânea) complementada com acepromazina (Acepram) na dosagem de 0,56 mg/kg.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MILLER, J . D.Audibility curve of the chinchilla. J.Acoustic Soc. Am., v. 35, p. 1907, 1963
BROWNING, G.G., GRANICH, M.S. Surgical anatomy of the temporal bone in the chinchilla.